Não é suficiente ter o espírito de um bom pai, o principal é aplicá-lo bem. Infelizmente, nos atemos cada vez mais a garantir as condições necessárias para parecermos bons pais do que em fazermos o necessário para criarmos bem os nossos filhos.

Comprar tudo de melhor para os filhos não nos torna bons, embora nos permita afirmar que somos bons pais. Pais ávidos por propagandear sua excelência improdutiva gostam de dizer: “fizemos nossa parte, demos tudo de melhor a ele. Que culpa temos de ele não ter aproveitado as oportunidades?”

È ilógico e completamente inconsequente afirmarmo-nos bons pais contabilizando as escolas particulares, os carros importados, os cargos na empresa que o filho drogado, prostituído e assassino automobilístico recebeu de mão beijada e destruiu sem dó nem justa causa. Educar não tem a ver com dar coisas, mas com ensinar a respeitar e cuidar a si e dos outros.

No fundo não deveria importar-nos tanto sermos reconhecidos como bons pais quanto criarmos bons filhos. E criar um bom filho, invariavelmente, nos leva a castigar, reprimir, exigir, determinar: o caminho, as regras, os objetivos de vida das nossas crianças.

Tenho a impressão que estamos confundindo diálogo com submissão. Devemos dialogar com nossas crianças para que eles cresçam em caráter e fluência verbal, mas também em respeito e paciência. Um filho merece ser ouvido, mas a última palavra tem de ser sempre a dos pais.

Os relacionamentos familiares não são democráticos, são autocráticos, quase teocráticos, na medida em que, ao menos pela maior experiência de vida, os pais são responsáveis por decidirem os caminhos que seus filhos devem trilhar até que se tornem adultos. E, no final, só nos tornamos bons pais se nossos filhos forem reconhecidos pela sociedade como bons cidadãos.

Dr. Claudemir Casarin